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Trotski e Leminski: a imaginação trágica da história, por Alberto Luis Cordeiro de Farias

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Por Alberto Luis Cordeiro de Farias (IESP-UERJ)

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Quando a companhia das letras decidiu publicar (em alguns casos, republicar) a obra poética e em prosa de Paulo Leminski[1], não foi certamente apenas o amor ao saber que mobilizou o discreto Schwarcz muito menos a sua compaixão para com os melancólicos frequentadores de sebo que viam, não sem desespero, os velhos exemplares das editoras de autor e da Coleção Encanto Radical escassearem e os preços dos poucos que restavam subir às alturas. Foi, claro, a avaliação comercial do produto – que depois se mostrou correta – o móbil da Companhia. Na lata! Em algumas semanas, o Toda Poesia estava na lista dos mais vendidos na Livraria Cultura. Justamente poesia que, ao lado do conto, fora desde os anos 80 uma das baixas do nosso mercado de livros. E não era Drummond, era… Leminski!

O volume Vidas, parte da obra em prosa do escritor curitibano, contudo, não teve a mesma repercussão, em que pese ser uma das partes mais extraordinárias do espólio leminskiano. Reunindo brochuras sobre Cruz e Souza, Matsuo Bashô, Jesus Cristo e Leon Trotski publicadas separadamente em vida do autor, a convite da saudosa Encanto Radical da Brasiliense, teve sua primeira edição em formato único no início dos anos 90, pela Editora Sulina, por iniciativa de Alice Ruiz, sua ex-mulher.

Vidas é uma demonstração da profundidade de Leminski, sua capacidade ímpar de compreensão empática e construção de pontes entre biografia e História. Uma prosa poética menos radical que aquela do Catatau, é verdade, mas ainda assim prenhe de intuições e imagens na linhagem dos grandes poetas-prosadores. Conforme epígrafe assinada pelo próprio Leminski, o conjunto de quatro biografias configuraria uma percepção da existência humana, da vida, que “se manifestaria, de repente, sob a forma de Trotski, ou de Bashô, ou de Cruz e Souza ou de Jesus”. Se a chave para entender o negro-branco, o samurai-poeta e o poeta-profeta é a poesia (respectivamente o simbolismo, a forma haiku e a parábola), a abordagem do intelectual-revolucionário parte da trama de os Irmãos Karamázov, um dos grandes romances de Dostoiévski. No último caso, o resultado é um dos melhores estudos-biografias produzidos por um estrangeiro sobre Trotski e a Rússia.

Mas o livro não teve, a crer no número de resenhas que lhe foram destinadas, grande atenção. A euforia que o romance de Leonardo Padura causou nos círculos intelectuais e militantes, contrasta com a recepção da biografia escrita pelo poeta curitibano. Uma artilharia de propaganda pesada aliada ao atraente estilo do trhiller, explica em partes porque o romance de Padura, de inegáveis qualidades estético-literárias, mas em nada superior ao livro de Leminski, com sua prosa-poética fragmentária e elíptica, tenha tido melhor fortuna editorial. Mas como a história se escreve a contrapelo e a literatura não vive só de best-sellers, aí vai uma providência.

“Repondeu-lhes Jesus: Sim, nunca lestes: da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” Mateus 21.16

Alice Ruiz, na apresentação do volume Vidas pela Companhia das Letras, diz que uma das filhas do casal se chamaria Leon e não Estrela, caso fosse um menino. O dado indica uma afetividade antiga entre o “Rimbaud com físico de Judoca” e o velho judeu ucraniano. Leminski foi da periferia, um simpatizante por assim dizer, da extinta Liberdade e Luta, um dos muitos agrupamentos trotskistas que vicejou à época da ditadura militar no Brasil. A Libelu[2], como era mais conhecida, e que mereceu até um poema por Leminski, foi um caso atípico do trotskismo pós-Trotski: atraiu para si número considerável de jovens e há relatos de que (pasmem!) o global William Bonner e o cantor Paulo Ricardo, apenas para citar alguns, foram próximos da organização.

Mas o impulso inicial para escrever o livro veio da filha que, aos quinze anos de idade, questionou o pai a respeito da Revolução Russa. Pronto. Estava ali o leitmotiv de A paixão segundo a revolução. O passo seguinte foram as conversas com amigos e a pesquisa sobre a Rússia e sobre Trotski. O personagem não era de todo um desconhecido do poeta. Ao contrário do que afirmam os trotskistas, não é verdade que há pouca bibliografia sobre o revolucionário ucraniano, nem havia à época de Leminski. Basta lembrar que menos de uma década após seu assassinato no México, I. Deutscher publicou o primeiro volume da sua trilogia biográfica. E os exemplos se sucedem: Perry Anderson dedicou-lhe capítulo de livro e artigos; os imponentes trotskistas franceses também o fizeram. O fato é que Trotski exerceu fascínio sobre várias gerações sobretudo de intelectuais e artistas na América Latina. De Mario Pedrosa a Florestan Fernandes, de Breton a Castilho Marques Neto, muitos foram os que em sua juventude se sentiram atraídos pela figura heróica do agitador militar dos primeiros anos da revolução que falava para tropas de dia e fazia crítica literária a noite. Trotski representou para gerações, sobretudo de poetas e escritores, a figura utópica da ideia encarnada, que tanto fascinou os românticos novecentistas. Leminski compartilhou dessa atmosfera. Mas o livro acabou transcendendo as fronteiras da biografia para constituir-se numa interpretação da mais louca aventura do século XX: a Revolução Russa.

“Dissestes que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa, mas a vizinhança inteira” (Há Tempos, Legião Urbana)

A força narrativa do livro, comum a todos os quatro volumes, reside na articulação de uma linguagem “das tavernas”, permeada de gírias, que lhe imprime o tom de uma conversa gerando o efeito de uma aproximação coloquial entre leitor e biografado. Esse efeito, em si mesmo dessacralizador – já que não é assim que se prescreve tratar as “exterioridades solares da História” -, é acentuado pela mobilização das referências as mais distintas retiradas do arcabouço cultural de “um bandido que sabia latim”[3]. Ainda há mais: a força do poeta, o trabalhador das palavras, se mostra em toda sua inteireza e os fatos mais banais da História da Revolução e da vida de Trotski nos são revelados, na conotação religiosa da expressão, em sucessivos approaches.

Muitos dos acontecimentos cruciais para o destino da Rússia Imperial são narrados quase que com a câmera na mão e os detalhes insignificantes para a história com H maiúsculo se tornam mais importantes que as grandes datas. É assim que assistimos atônitos, no capítulo intitulado A faísca, ao primeiro encontro das duas almas que mais se imbricaram com o processo revolucionário: Leminski acompanha o jovem Trotski até a porta da residência de Lenin e sua esposa no exílio londrino, partilhamos da sua ansiedade, vemos-lhe levantar a mão e bater à porta de um quarto modesto e em seguida ser recebido cordialmente pelo casal.

O texto é permeado por intuições interpretativas acerca da história da Rússia ou da obra de uma ou outra figura, que Leminski vai largando a meio caminho sem desenvolver[4]. A chave de leitura dos Irmãos Karamázov é uma das poucas a que dá continuidade. Aí reside uma faceta de Leminski menos explorada: a do ensaísta, do cultivador do “gênero dos gêneros”, a forma-ensaio. Embora já se tenha inclusive suscitado a sua origem histórica (Lukács na carta a Leo Popper em “A alma e as formas” identifica Platão como o primeiro ensaísta, em tom entre o assertivo e o provocador) ou acusado a sua inutilidade, pode ser entendido em grandes linhas como filosofia que nunca para de pensar, no sentido que a filosofia (a grande filosofia sistemática) se fecha em algum momento dos seus desenvolvimentos (sistemas, grandes teorias, etc) enquanto o ensaio é um devir perene. Nas palavras de Pedro Duarte, um estudioso do gênero: “[o ensaio] é reflexão sem totalização. Ensaiar é experimentar. O ensaio é mais atraente que certeiro, mais investigativo que conclusivo, mais reflexivo que determinante, mais sugestivo que assertivo, mais experimental que coercitivo”[5].

Os textos em prosa de Leminski podem ser lidos como ensaios originais, ademais escritos por um poeta (um cultivador da “imagem” tão cara aos grandes ensaístas) e talvez estejam em sua melhor forma nos textos de crítica reunidos em Ensaios e anseios crípticos. Mas A paixão segundo a Revolução também pode ser lido como um ensaio, um ensaio sobre a Revolução Russa, um ensaísmo caracterizado pelo recurso à apreensão estética e pela articulação entre a prosa e poesia. O que há de poético no texto é desde seu ritmo ao recurso imagético (a capacidade de suscitar no leitor constelações de imagens) passando pela consciência da palavra trabalhada em toda sua ambiguidade, em sua multiplicidade de sentidos. Conforme Max Bense, “o ensaio é uma peça de realidade em prosa que não perde de vista a poesia”[6]. Ao contrário do discurso característico da prosa no qual, como caracterizou Octávio Paz, “as palavras aspiram a constituir um significado unívoco” o que leva o prosador a “exercer sua atividade contra a natureza própria da palavra”, o texto de Leminski parece libertar a palavra, tal como na atividade poética, deixando-a exercer sua ambiguidade, sua natureza, adquirindo enfim um ritmo e uma sonoridade característica da fala – enquanto que “não se fala a prosa: escreve-se. A linguagem falada está mais perto da poesia que da prosa” (PAZ, 1982; p. 25). Leminski percorre esses caminhos e, sem a pretensão da objetividade ou da exaustão descritiva, escreve como quem conta uma estória, zigue-zagueia, vai e volta na referências aos fatos históricos. Nas passagens dos capítulos as transições são feitas com recursos que lembram a narração oral de uma estória: “[…] Mas Aliócha é contra toda mudança. É aqui que Ivan entra em ação”. Maiakóvski é descrito sem muita atenção às prescrições acadêmicas como um “poeta oral”. E a certa altura condensa em uma frase toda uma tese: “Quem mexe nas formas [estéticas] está mexendo no que não é seu”. São essas características do ensaísmo Leminskiano que lhe permitem uma leitura tão singular da Revolução Russa, ao apresentá-la como um caleidoscópio por todos os lados e perspectivas, sem contudo reduzi-la a nenhuma delas.

É nesse diapasão que nos damos conta de que a revolução pode ser considerada contra o Capital de Marx não apenas no sentido que lhe atribuiu Gramsci em seu famoso artigo, mas também no de uma revolução levada a cabo por uma intelligentsia etnicamente estrangeira e não diretamente pelos trabalhadores: um tártaro misturado com alemão (Lenin), um caucasiano de sotaque acentuado que nunca falou bem o russo (Stálin), e um judeu ucraniano (Trotski). Intelligentsia notável aquela, cuja distância temporal nos faz perder as suas reais dimensões. Os companheiros imediatos de Bronstein eram de alto gabarito intelectual: Lenin, Zinoviev, Rádek, Rikov, Kollontai, Krupskaia, Lunatcharski, Bukhárin e outros eram figuras de alta estatura cultural[7]. Mesmo para os padrões europeus da época, é preciso dizer.

A paixão revolucionária distinguia Trotski no contexto dos bolcheviques. Paixão (pathos) que se mostrou tão poderosa coordenada com uma disciplina intelectual férrea que ecoaria no espaço e no tempo. Leminski acompanha Trotski em sua infância, juventude, vida adulta e morte com um olhar tão familiarizador que desmistifica. O que sai das páginas de A paixão segundo a revolução não é um Trotski para trotskistas, mas um Trotski humanamente universal. Com isso, cumpre um desígnio em cuja missão os próprios correligionários de Trotski falharam estrondosamente e cuja imperícia, salvo raras exceções, conseguiu converter uma das trajetórias biográficas esteticamente mais atraentes do século XX em um antipático burocrata de partido.

Trotski e o Trágico

Escrevendo sobre sua própria atividade, Dostoiévski afirmou certa vez que para ser um bom escritor é preciso “sofrer, sofrer e sofrer”. O pharmakon dostoievskiano, o seu veneno-remédio (para os que querem resvalar a totalidade mística) remete-nos, em um plano diverso do literário, a uma dimensão filosófica ou existencial, por assim dizer, servindo como mote para uma reflexão acerca de um tema tão velho quanto a humanidade: a universalidade de certos aspectos da condição humana. Talvez não haja solidariedade maior entre os homens que aquela que nos une no sofrimento comum. A permanente atualidade das Tragédias reside em parte nesse dado: Édipo ou Aquiles, Climnestra ou Oréstia parecem falar dos e para os homens de todas as épocas. Talvez seja esse o único esperanto possível.

É nesse sentido que em seu ensaio “Trotski e a imaginação Trágica”, George Steiner, um dos maiores ensaístas e uma das consciências mais luminosas que o século XX produziu, nos fornece uma outra chave para compreender o “caso Trotski”: o trágico. O tema da queda se atualiza no século XX: por que Trotski, o tático virtuose da revolução, caiu em desgraça? O ensaio é um comentário da biografia de Trotski escrita por Isaac Deutscher e, ao que parece, imperecível. Em geral, os simpatizantes de Trotski consideram o último livro da trilogia o mais fraco. Contudo, Steiner, com sua tão afiada contra-intuição, chama-nos a atenção justamente para o contrário: a qualidade superior do volume O profeta banido frente aos dois anteriores por ser nele onde “os acontecimentos tomam a forma do drama de Níobe”.

Aqui, pela chave analítica de Os irmãos Karmázov, Leminski se aproxima de Steiner: as tragédias antigas desenrolam-se sempre a partir de um crime sangrento que no caso do romance-destino da Rússia foi o parricídio. Mas as tragédias também costumam ser escritas formando trilogias, e é assim que Deutscher, consciente ou inconscientemente, concebe o seu projeto. Mas se na última peça os deuses concebidos pelos trágicos que determinaram o desenrolar do destino dos homens reúnem-se a fim de pôr fim a situação, no drama trágico de Trotski os deuses não mais tem direito sequer a fala.

Trotski apresenta-se em ambos os casos como a mais perfeita encarnação do herói trágico na modernidade. Na sua biografia o conflito entre a necessidade e a vontade, liberdade e consciência atinge o ponto máximo da nossa época que, como sabiam os gregos, não cabe num par de séculos. A sua hybris é a mais desenfreada entre os comunistas da sua geração; não à toa, qualquer estudo biográfico seu é marcado pelo acento na vaidade, na soberba, no orgulho de quem acha que está com pleno domínio do próprio destino (a História) mas na verdade está cumprindo os seus desígnios.

Trotski se ergue à luz da História como uma figura de dor, marcada pela facticidade do destino, pela contradição permanente entre a palavra e a ação, entre a vontade e a obrigação, entre a ignorância e o cumprimento de um destino histórico. Em uma trajetória ao mesmo tempo pontuada por momentos de grande clarividência que o faz tomar decisões que o conduzirão a própria desgraça. Como Cassandra, a quem Apollo apaixonado conferiu o poder da predição e depois, recusado, cuspiu na boca para que ninguém nunca mais a creditasse, Trotski também predisse desesperadamente inúmeras tragédias, inclusive a sua, mas ninguém na pólis vermelha lhe deu ouvidos[8]. A lucidez fez-se maldição. Mas em Trotski está a consciência do trágico e uma grande esperança na humanidade: ao contrário das personagens que, mesmo dispondo de indícios sobre o sentido final de sua ação, não puderam contorná-la, Trotski era consciente do seu papel, do seu lugar e ainda assim tinha fé num futuro emancipado.

A apreensão estética

Foi Karl Krauss, esse fruto extemporâneo de Weimar, quem surpreendeu-se ao saber que Trotski, o segundo homem do Outubro (Novembro) russo era Lev Davidovich, o frequentador dos cafés vienenses e membro de grupos de estudos sobre psicanálise a quem conhecera no exílio. O homem Trotski fora muitos e em tudo fora diferente da imagem petrificada do burocrata ou do assassino frio, o homem tão inflexível quanto o sabre de um cossaco: tinha uma vida privada, tirava férias, diletava quase todas as sextas com romances e poesias, possuía amigos, amava cães e podia até mesmo ser engraçado. Leu Kant, Hegel, Nietzsche e admirava Freud, justamente ele, o difamado “cão subjetivista burguês”, o afetado vienense. Mas também podia ser antipático e quase sempre o era a crer nos depoimentos de Gramsci, Lukács e outros. Amou algumas mulheres, teve filhos, caçou patos. Mas foi sobretudo um dos principais artíficies da revolução de 1917.

Disso decorre um objeto singular, uma personalidade tão complexa e multifacetada em suas relações com o geist de sua época que se converte em um desafio para o biógrafo. A aposta de Leminski é acertada: a figura de Trotski só pode ser aproximada e ter captada a sua essência histórica por uma via estética. Só pela via estética, no caso específico pela articulação entre imaginação, sensibilidade, intuição na forma de um ensaio, se alcança a totalidade viva de um espírito, sem a mediação do puro conceito (razão, entendimento). Assim, nesse documento notável que é a apresentação da brochura, afirma de chofre: “Os artistas, dizem, vão mais fundo que os colecionadores de dados e datas. Se você quer entender a Rússia, não perca tempo lendo manuais de história. Comece logo lendo Os irmãos Karamázov, de Dostoiévski” . Por isso a biografia de Trotski por Leminski não envelhece: está no limite da história, da psicanálise, da sociologia mas não é nenhuma delas, mantendo-as no estrito limite de uma relação funcional na composição de uma imagem. Trotski é uma figura trágica, e uma tragédia não tem significado mas sentidos (no plural): tragédia não na conotação moderna de destino infeliz, mas no sentido que lhe atribuíam os gregos, como as forças destruidoras que, mobilizadas contra um ser, foram produzidas pelas tendências mais profundas deste mesmo ser.

A cem anos dos acontecimentos narrados em A paixão segundo a revolução o símbolo Trotski, a quem só é possível alcançar escapando das interpretações particularistas que correm soltas por aí – sejam as interpretações hagiográficas de grande parte da historiografia-arquivística trotskista, sejam aquelas da vulgata stalinista – se agiganta na prosa-poética do poeta e quem sabe possamos ter com ele no presente. Nessa tarefa em que as velhas gerações (as efetivamente mortas e as mortas-vivas) falharam, as novas poderão triunfar. Dado que uma época histórica nunca resolve seus próprios problemas, a Revolução Russa ainda é para nós o acontecimento mais recente da história humana.

Referências biliográficas

LEMINSKI, Paulo. Vida. Biografias de Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Trotski . Porto Alegre: Sulina, 1990. 320 p.
_______________ Vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 392 p.
PAZ, Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982.
STEINER, George. Trotski e a imaginação trágica. In.: Linguagem e silêncio. Ensaios sobre a crise da palavra. São Paulo: Companhia das Letras. Pág. 310-325.
VAZ, Toninho. Paulo Leminski, o bandido que sabia latim. Editora Record, 2001.

Notas

[1] O primeiro volume editado e publicado pela editora Companhia das Letras foi o Toda Poesia (2013), seguido em alguns meses pelo volume Vidas e mais recentemente os volumes Caprichos e Relachos (2016) e Distraídos Venceremos (2017). A editora Iluminuras reeditou em 2010 o romance-ideia O Catatau e no ano seguinte o “supraromance” Agora é que são elas. A mesma editora publicou em 2001 uma reedição de Winterverno sendo que nos anos 90 já havia publicado Metamorfose (1994) e O ex-estranho (1996). A editora da Unesp reeditou em 2011 em um só volume os ensaios teóricos e as críticas publicadas nos anos 80 pela Criar Edições em dois volumes sob o título de Ensaios e anseios crípticos.

[2] À Liberdade e Luta. “Me enterrem com os trotskistas / na cova comum dos idealistas / onde jazem aqueles / que o poder não corrompeu / Me enterrem com meu coração / na beira do rio / onde o joelho ferido / tocou a pedra da paixão”.

[3] A expressão é o título de uma das melhores biografias de Leminski, escrita por Toninho Vaz: Paulo Leminski, O bandido que sabia latim. Editora Record, 2001.

[4] As indicações metodológicas da apresentação e outras que surgem ao longo do texto relativas a uma concepção de história e de método de análise são das mais importantes.

[5] Pedro Duarte, O Elogiável risco de escrever sem fim. Extraído de http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2016/02/1743666-o-elogiavel-risco-de-escrever-sem-ter fim.shtml

[6] Max Bense, O Ensaio e sua prosa. Extraído de https://www.revistaserrote.com.br/2014/04/o-ensaio-e-sua-prosa/

[7] No final do capítulo A faísca, lemos: “As profundas diferenças entre os líderes comunistas de Outubro sobre questões que, hoje, nos parecem mero detalhe devem-se ao fato de a Revolução Russa ter sido conduzida por uma elite de líderes, intelectualmente excepcional, teórica e filosoficamente o mais extraordinário grupo de revolucionários que jamais tomou o poder. Lênin, Trótski, Lunatcharski, Pokróvski, Kamenev, Zinóviev, Kollontai, Bukhárin, Rádek, Stálin… não foram apenas políticos, revolucionários e administradores. Eram intelectuais, gente ideologicamente muito bem equipada, com alta capacidade de formulação teórica. A forma da Revolução Russa, quem a deu foi a intelligentsia, o triunfo de Ivan Karamázov…”

[8] O tom desesperador de Trotski nos textos iniciais que compõe o volume “Revolução e contra-revolução na Alemanha” dá testemunho do fato: ele sabia que a recusa do PC Alemão em uma frente levaria a ascensão do nazismo e à derrota cruel do movimento operário alemão. Como no mito de Cassandra, não lhe deram ouvidos.

 

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